É comum que a maioria das pessoas se depare com dificuldades quando precisam mudar hábitos ou comportamentos, transformar ou se desfazer de modos e pensamentos. Alguns se queixam de uma natural tendência em repetir antigos padrões ou persistir em relações que muitas vezes já não fazem bem ou apresentam sinais de desgaste e trazem sofrimento.
O apego a objetos e pessoas que foram importantes algum dia ou por determinado período da vida, dando prazer e trazendo alegrias, faz com que mentalmente se crie uma espécie de esperança de que aquele tempo possa a qualquer momento voltar. Com isso o tempo vai passando e muitas vezes se deixa de viver o presente, perdendo oportunidades preciosas de se viver e aprender com novas experiências.
O apego pode aprisionar alguém por anos ao que não lhe pertence mais. Parece vendar os olhos e deixar a pessoa refém de uma fantasia imaginária. Estar apegado reproduz uma ideia de se estar vivendo o que se deseja e não a realidade. O apego emocional pode estar acompanhado do sentimento de posse e do medo. Medo de perder aquilo que se julga ser seu de direito, quando na vida este tipo de certeza não existe. O entendimento de que a vida é dinâmica, que as coisas passam, e que junto com o tempo, desde as melhores coisas, as mais belas e agradáveis até as mais terríveis e dolorosas, tudo tem seu momento e é passageiro, provavelmente poderia evitar os sofrimentos causados pelo apego.
A história de cada um, suas lembranças carregadas de referências afetivas, devem habitar na memória sem doer. Para isso ocorrer, o desapego é fundamental. Se permanecemos apegados ao passado, as vivências que nos ajudaram a crescer e formar nossa personalidade não se ressignificam e nós perdemos energia necessária para investirmos no presente.
Quando se carregam ressentimentos ou se repetem padrões negativos por conta do apego, corre-se o risco se desenvolver doenças psíquicas e orgânicas que acometem a saúde de modo global e o modo da pessoa se relacionar.
Quando algum aspecto da vida se transforma em algo que já não compensa e passa a custar um alto preço emocional, não deve ser mais disputado ou retido, pois lhe prejudicará cada vez mais, causando danos cumulativos e muitas vezes irremediáveis. É muito importante diferenciar vínculos de apegos. A possibilidade de se construir vínculos saudáveis que se fazem e desfazem na medida e no tempo certo é muito compensador e gratificante. Mas o apego é sempre um sentimento carregado de insegurança, posse, medo e prejudica a capacidade da pessoa de se transformar e viver um dia de cada vez, livremente.
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Abraços,
Marcia Medeiros